O
que é osteoporose?
Osteoporose é uma doença
metabólica, sistêmica, que acomete todos os ossos. A prevalência da
osteoporose, acompanhada da morbidade e mortalidade de suas fraturas, aumenta a
cada ano. Estima-se que com o envelhecimento populacional na América Latina, o
ano de 2050, quando comparado a 1950, terá um crescimento de 400% no número de
fraturas de quadril para homens e mulheres entre 50 e 60 anos, e próximo de
700% nas idades superiores a 65 anos. Estima-se que a proporção da osteoporose
para homens e mulheres seja de seis mulheres para um homem a partir dos 50 anos
e duas para um acima de 60 anos. Aproximadamente uma em cada três mulheres vai
apresentar uma fratura óssea durante a vida.
Como qualquer outro tecido
do nosso corpo, o osso é uma estrutura viva que precisa se manter saudável, e
isso acontece mediante a remodelação do osso velho em osso novo. A osteoporose
ocorre quando o corpo deixa de formar material ósseo novo suficiente, ou quando
muito material dos ossos antigos é reabsorvido pelo corpo - em alguns casos,
pode ocorrer as duas coisas. Se os ossos não estão se renovando como deveriam,
ficam cada vez mais fracos e finos, sujeitos a fraturas.
Dicas:
Uma das dicas de prevenção
da doença é preocupar-se com a ingestão mínima de cálcio necessário para manter
os ossos saudáveis. São recomendados 1.200 mg por dia. Para quem não gosta de
leite, é só recorrer a outros laticínios, como queijo.
Praticar exercícios físicos é essencial. Nesse caso, os exercícios devem
ter impacto mínimo. Caminhada é a atividade mais recomendada.
Quem são as pessoas mais afetadas?
Mulheres têm mais
osteoporose que os homens, pois têm os ossos mais finos e mais leves e
apresentam perda importante durante a menopausa. No entanto, homens com
deficiência alimentar de cálcio e vitaminas estão sujeitos à doença. Inclusive,
o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) criou o Programa de
Osteoporose Masculina (PROMA), desde março de 2004, com o objetivo de
quantificar as vítimas da doença para tratá-las e estudar a sua incidência.
Não significa dizer que, se o histórico familiar é favorável à
osteoporose, todos vão desenvolver a doença. Mas é importante, sim, identificar
se os pais são portadores de osteoporose.
Causas:
Nós temos no corpo células responsáveis pela formação óssea e outras pela reabsorção óssea. O tecido ósseo vai envelhecendo com o passar do tempo, assim como todas as outras células do nosso corpo. O tecido ósseo velho é destruído pelas células chamadas osteoclastos e criados pelas células reconstrutoras, os osteoblastos. Esse processo de destruição das células é chamado de reabsorção óssea, que fica comprometido na osteoporose, pois o corpo passa a absorver mais osso do que produzir ou então não produzir o suficiente. Alguns problemas podem interferir na formação dos ossos.
Sintomas
de Osteoporose:
A osteoporose é uma doença silenciosa, que dificilmente dá qualquer tipo de sintoma e se expressa por fraturas com pouco ou nenhum trauma, mais frequentemente no punho, fêmur, colo de fêmur e coluna. Outros sintomas que podem surgir com o avanço da doença são:
Dor ou sensibilidade óssea
Diminuição de estatura com o
passar do tempo
Dor na região lombar devido
a fraturas dos ossos da coluna vertebral
Dor no pescoço devido a
fraturas dos ossos da coluna vertebral
Postura encurvada ou
cifótica.
Exames:
O principal exame para rastreamento e diagnóstico da osteoporose é a densitometria óssea, um exame que avalia a densidade dos ossos e músculos do corpo, podendo identificar quando os ossos estão muito finos ou então quando a perda ainda está se iniciando. Além desse, a radiografia também pode ser indicada para a investigação da osteoporose.
Diagnóstico
de Osteoporose
Em geral, a perda óssea ocorre gradualmente com o passar dos anos. Na maioria das vezes, a pessoa irá sofrer uma fratura antes de se dar conta da presença da osteoporose. Quando isso ocorre, a doença já se encontra em um estado avançado, e o dano é grave.
Por não apresentar sintomas
em seu estado precoce, não é possível fazer um diagnóstico clínico da
osteoporose. Dessa forma, o diagnóstico tanto precoce quanto após uma fratura é
feito com a densitometria óssea e radiografias. Além desses, o médico pode
pedir outros exames para fazer o diagnóstico de causas secundárias da
osteoporose, como dosagem de creatinina e dosagem de testosterona e estrogênio.
Doenças
ou medicamentos:
Outras condições podem levar
ao surgimento da osteoporose, sendo responsável por 20% dos casos totais da
doença, sendo entretanto muito comuns em pessoas mais jovens e sem outros
fatores de risco:
Síndrome de Cushing
Hiperparatireoidismo
primário ou terciário
Hipertireoidismo
Acromegalia
Mieloma múltiplo
Doenças renais
Doenças inflamatórias
intestinais
Doença celíaca
Pós-gastrectomia
Homocistinúria
Hemocromatose
Doenças reumáticas
Uso de medicamentos a base
de glicocorticóides, hormônios tireoidianos, heparina, warfarina,
antiepilépticos (fenobarbital, fenitoína, carbamazepina), lítio, metotrexato e
ciclosporina.
Fatores de risco
Mulheres e homens orientais
correm mais risco de sofrer fraturas pela osteoporose, por um problema
anatômico no fêmur
História familiar de
osteoporose
História prévia de fratura
por trauma mínimo
Tabagismo
Baixa atividade física
Baixa ingestão de cálcio
Baixa exposição solar
Alcoolismo
Imobilização
Ausência de períodos
menstruais (amenorreia) por longo período
Baixo peso corporal.
sintomas
Medicamentos:
Existem várias medicações
indicadas para o tratamento da osteoporose, que individualizadas a cada caso.
Quando diagnosticada, a osteoporose tem uma ou outra indicação de medicamento,
a depender da gravidade ou das causas secundárias. Alguns medicamentos comuns
usados do tratamento da osteoporose são:
Raloxifeno: Conhecidos
internacionalmente pela sigla SERM (selective estrogen receptor modulator), os
moduladores seletivos de receptores estrogênios atuam estimulando ou inibindo a
ação desses receptores. O raloxifeno é o SERM que possui efeito
antirreabsortivoósseo, ou seja, ele inibe a reabsorção óssea. Ele promove o
ganho de massa óssea na coluna lombar e colo do fêmur, bem como redução de
fraturas vertebrais. O raloxifeno é recomendado para a prevenção e o tratamento
da osteoporose da coluna vertebral. Não está recomendado para a redução de
fraturas nãovertebrais e deve ser empregado somente em pessoas sem sintomas
vasomotores.
Bisfosfonatos: Os
bisfosfonatos são compostos com ação antirreabsortiva dos ossos. Existem vários
tipos de biofosfonatos com características específicas para o tratamento de
diferentes aspectos da osteoporose. O alendronato, o risedronato e o
ibandronato são alguns tipos que podem ser administrados por via oral. Há
também o zoledronato, que é administrado por infusão endovenosa. Em estudo
clínicos, o ibandronato se mostrou eficaz na redução de fraturas vertebrais, já
o risedronato, o alendronato e zoledronato são efeitos na redução de fraturas
vertebrais e não-vertebrais, incluindo as de quadril. Todos os biofosfonatos
citados são recomendados tanto para prevenção quanto para o tratamento da
osteoporose.
Ranelato de estrôncio: O
ranelato de estrôncio apresenta efeitos sobre a formação e a reabsorção óssea.
Ele estimula os osteoblastos e reduz a função osteoclástica, ou seja, aumenta a
formação de massa óssea e reduz a reabsorção, principalmente na coluna lombar e
no colo do fêmur. O ranelato de estrôncio é recomendado para prevenção e
tratamento da osteoporose na pós-menopausa.
Teriparatida: A teriparatida
é uma substância que se liga ao receptor do hormônio PTH da paratireoide. Ela
atua estimulando a formação dos osteoblastos, que são células responsáveis pela
formação dos ossos. O maior diferencial do tratamento com teriparatida é que
ela promove o crescimento do osso em vez de inibir a reabsorção óssea, como as
outras classes de medicamentos. Sua administração resulta em ganho de massa
óssea na coluna lombar e no colo do fêmur, além de redução do risco de fraturas
vertebrais e não-vertebrais. A teriparatida tem indicação para o tratamento da
osteoporose em pacientes de alto risco para fraturas, sendo administrado por
via subcutânea. É usado principalmente para pacientes que usam medicamentos a
base de corticoides.
Desonumab: O desonumab é um
mecanismo de ação diferente, chamado de anticorpo monoclonal. Para entender a
ação desse medicamento, vamos pensar nos osteoclastos e osteoblastos, que são
as células destruidoras e formadoras dos ossos. Essas células se comunicam
entre si para saber quando é preciso fazer uma reabsorção ou uma formação.
Quando a mulher entra na menopausa, essa comunicação pode ficar alterada,
levando a uma maior destruição do que criação óssea. A medicação atua nesse
mecanismo específico de comunicação entre as células, retornando o equilíbrio.
O desonumab é ministrado por via oral e faz parte de uma nova classe de
medicamentos, os biológicos.
Calcitonina: A calcitonina é
um hormônio constituído de 32 aminoácidos produzidos por um grupo de células da
tireoide. Ela atua inibindo a ação do paratormônio (PTH), um hormônio. A
calcitonina e o paratormônio, quando estão em quantidades adequadas, equilibram
a concentração de cálcio no sangue – o primeiro diminui o cálcio no sangue e o
segundo, aumenta. Como consequência, o paratormônio estimula a reabsorção de
cálcio e fosfato dos ossos e a absorção de cálcio pelos rins e intestino, ao
passo que a calcitonina inibe a reabsorção óssea e diminui a reabsorção de
cálcio no rim. Quando esses hormônios não estão equilibrados e o paratormônio
está em maior quantidade, a reabsorção óssea aumenta, podendo levar à
osteoporose. A calcitonina para o tratamento da osteoporose é obtida do salmão
por síntese laboratorial, sendo cerca de 20 a 40 vezes mais potente que a humana.
Seu principal efeito é inibindo a absorção de cálcio nos rins. Pode ser
administrada tanto por injeção intramuscular ou subcutânea quanto por aplicação
nasal. A calcitonina de salmão é considerada uma medicação de segunda linha
para osteoporose, podendo ser recomendada no tratamento da osteoporose
pós-menopáusica e para a redução de fraturas vertebrais.
Terapias:
Reposição de estrogênio: Enquanto a mulher está em período fértil (menstruando) existe a produção acentuada do hormônio estrogênio. Quando abundante no corpo da mulher, o estrogênio retarda a reabsorção do osso, reduzindo a perda, além de ser responsável pela fixação do cálcio nos ossos, contribuindo para o fortalecimento do esqueleto. Em contrapartida, a mulher durante e após a menopausa tem uma produção muito reduzida de estrogênio, uma vez que ele não é mais necessário para o ciclo menstrual. O hipoestrogenismo irá contribuir para a perda de massa óssea mais acelerada, principalmente nos primeiros anos da pósmenopausa. Dessa forma, a menopausa pode ser um gatilho para a osteoporose. A terapia de reposição hormonal é eficaz na prevenção da osteoporose e de fraturas vertebrais e nãovertebrais. No entanto, ainda não há evidência suficiente para recomendar o tratamento na redução do risco de fraturas no tratamento da osteoporose estabelecida. A tibolona, composto sintético derivado da testosterona e usado na reposição hormonal, atua sobre a remodelação do osso, promovendo ganho de densidade óssea. É administrada por via oral. O uso prolongado da terapia de reposição hormonal, por mais de cinco anos, com associação de estrogênios e progestagênios, produz um pequeno aumento do risco de câncer de mama de aproximadamente oito casos em cada 10.000 mulheres/ano. A terapia de reposição hormonal tem indicação no início do climatério para prevenção da perda de massa óssea em mulheres com fatores de risco associados, não estando indicada para o tratamento da doença estabelecida.
Suplementação de cálcio e
vitamina D O cálcio e o fósforo são os principais nutrientes para constituição
do osso. Para ser fixado aos ossos, o cálcio necessita da ação do hormônio
estrogênio, que tem sua produção diminuída durante e após a menopausa, fator
que leva à progressiva perda de massa óssea nessa etapa da vida. Por isso, a ingestão
adequada de cálcio e sua suplementação são indicados para o tratamento e
prevenção da osteoporose. Já a vitamina D é um nutriente importante na
manutenção da saúde óssea, uma vez que suas principais funções são a regulação
da absorção intestinal de cálcio e a estimulação da reabsorção óssea. As fontes
de vitamina D incluem luz solar, dieta e os suplementos. Estima-se que 90% dos
adultos entre 51 e 70 anos de idade não recebem o suficiente vitamina D de
forma natural, sendo recomendada a suplementação. Recomenda-se que a
suplementação de cálcio seja feita em associação com 800-1000UI de vitamina D
ao dia. Não se recomenda o tratamento exclusivo da osteoporose com vitamina D
isolada ou em conjunto com cálcio, porém o uso complementar desses nutrientes é
fundamental para uma formação óssea adequada.
Cirurgias:
Vertebroplastia: A vertebroplastia é um procedimento minimamente invasivo para tratar fraturas na coluna vertebral, melhorando a dor e a capacidade funcional desses pacientes em cerca de 90 a 95%. Ele é feito injetando cimento acrílico (polimetilmetacrilato, ou PMMA) no interior da vértebra
Cifoplastia:A cifoplastia é
um procedimento ambulatorial usado para tratar fraturas por compressão dolorosa
na coluna vertebral. O procedimento também é chamado cifoplastia com balão. Ele
é feito injetando cimento acrílico (polimetilmetacrilato, ou PMMA) no interior
da vértebra. A diferença entre a cifoplastia e a vertebroplastia é que a
primeira utiliza uma espécie de balão, que é injetado na coluna e se infla,
posicionando as vértebras corretamente antes da colocada do cimento ósseo.
Prevenção:
Seguir uma dieta balanceada, com as quantidades adequadas de cálcio e vitamina D
Evitar o consumo de álcool
em excesso
Não fumar
Praticar exercícios
regularmente
Fazer a reposição hormonal
quando indicado
Fazer a densitometria óssea
anualmente a partir dos 50 anos.
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